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Arquitetos: ARQX Architects
- Área: 286 m²
- Ano: 2013
Descrição enviada pela equipe de projeto. Em francês, a palavra Préau refere-se a um espaço coberto exterior, mas, ao contrário da nossa definição de coberto / cobertura, que poderá representar um elemento isolado e de caráter independente, o préau define um elemento em estreita relação com uma construção existente, uma relação mais forte de dependência e cooperação. É normalmente um espaço de grande importância na concepção de espaços escolares em França, podendo traduzir-se como um “recreio coberto”. As condições climatéricas adversas em muitas das cidades francesas levaram à adoção desta tipologia, em que os alunos podem sair do espaço interior permanecendo protegidos. Este conceito ilustra, de forma adequada, as motivações da proposta. Um espaço que introduz um novo conforto no complexo existente, trabalhando com ele e não um mero acrescento de uma nova funcionalidade.
O préau é implantado num espaço quadrangular, que é delimitado pelo edifício da escola, que se desenvolve ao longo de 3 frentes contínuas. Procurou-se corresponder ao programa pretendido com um fluxo de espaços de permanência, enquadrados no sistema de percursos existentes e sedimentados pela utilização da escola. A proteção que o novo elemento oferece, permite a fruição daquele espaço, mesmo com condições climatéricas adversas, tais como chuva ou dias de sol intenso.
Uma vez que a definição de préau nos oferece uma ideia clara da intenção da implantação e funcionalidade da intervenção, recorremos à imagem da vinha (pois o cultivo da uva e a produção do Vinho Verde é uma imagem de marca da região de Monção) para estabelecermos a sua morfologia. Para sermos mais específicos, recorremos à imagem das “ramadas” (também chamadas de latadas): estruturas horizontais de arranjo da vinha, geralmente construídas em perfis metálicos assentes sobre elementos verticais de granito. A esses elementos pétreos / em concreto, denominados de esteios, e que são os elementos portantes do conjunto, fizemos corresponder peças em concreto pré-fabricado, colocadas na vertical e com uma forte presença material. Aos troncos principais das videiras, geralmente de traço orgânico, correspondemos a presença da uma viga principal de suporte da cobertura e, cujo desenho surge com formas mais fluidas, percorrendo os diversos pontos de apoio.
Paralelamente à “massa” horizontal, que é constituída pela folhagem das videiras, temos uma cobertura em painéis perfurados e uma película de impermeabilização transparente. Uma das premissas da estabilização da solução final promove um controlo do sombreamento que permite a passagem e difusão dos raios solares. Evitou-se a sombra completa, criada a partir de elementos totalmente opacos, e procurou-se uma materialidade que modela e atenua uma exposição solar intensa, ao mesmo tempo que evita uma penumbra desconfortável nos dias nublados.
Em termos de materialidade, e como já foi referido, contrapôs-se o massivo (concreto) a uma estrutura em metal, que se permite mais fluída e “leve”, com o compito final de uma agradável sensação de equilíbrio. Contrapõe-se o material em bruto do concreto com o acabamento cuidado da pintura dos elementos metálicos numa cor que se salienta, mesmo em relação à construção existente.
Em conclusão, oferecemos à escola EB23 de Monção um elemento arquitetônico que a caracteriza e a promove em termos de utilização e usufruto do espaço exterior, não esquecendo o carácter didático que, mesmo uma intervenção tão pequena como esta, pode – e deve – trazer ao dia a dia dos estudantes.
A resposta ao programa inicial fornecido resultou numa proposta que ambiciona construir um objecto que complementa o existente, mas que ultrapassa a função única de passagem coberta, podendo ganhar um carácter de permanência, de espaço qualificador dos espaços da Escola, permitindo um usufruto e um incentivo à vida no exterior. A sua materialização obedece a critérios de grande leveza e fluidez formal, quebrando um pouco a austeridade identificada in loco, mas, acima de tudo, reinterpretando temas projetuais encontrados nas arquiteturas vernaculares locais.